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sexta-feira, 7 de junho de 2013

tintas caseiras


E não pode ficar de castigo?


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Chega uma altura em que os pais já tentaram tudo. Começaram por ter muita paciência, explicaram ao seu filho o que esperavam dele, conversaram sobre os seus ataques de mau feitio, deram o exemplo não se irritando nem discutindo em frente das crianças, explicaram quais as vantagens do bom comportamento, fizeram reforço positivo nos momentos em que a criança se portou bem…Puseram em prática, até, a regra de ouro de ignorar o mau comportamento, agindo como se nada estivesse a acontecer…Mas nada resultou. As birras são cada vez maiores, a chamada de atenção é constante,e agora, inclusive, a criança parte muitas vezes para a tentativa de agressão física.

Está na altura de por em prática outra estratégia. E que tal colocar de castigo? O problema é que colocar de castigo não é para todos os pais. Só para os mais entendidos nessa arte. É preciso saber como atuar nessa situação. É dessa arte que vamos conversar hoje. Aqui ficam dez conselhos.



1º Saiba o que significa “ficar de castigo”

Ficar de castigo significa que, durante algum tempo, a criança fica sozinha num local, escolhido pelos pais, onde tem oportunidade de se acalmar e pensar um pouco nas razões porque está ali. Uma atitude que pode levá-la a modificar o seu comportamento numa próxima oportunidade. Esta estratégia pode ser utilizada a partir dos três anos de idade.

Durante este período pode até ficar a brincar com algum boneco preferido, uns legos, um puzzle, a ler um livro, a ouvir música ou a tocar um instrumento.



2º Avise a criança que o castigo está a chegar

Se a criança se está a portar mal e colocar de castigo é uma hipótese cada vez mais real, a primeira coisa a fazer é avisar a criança que, se continuar com aquele tipo de comportamento, vai ficar de castigo. O aviso pode ser um único, ou os pais podem recorrer à célebre técnica de contar até três, aplicando o castigo quando este número é pronunciado. O aviso deve ser dado num tom de voz firme e calmo. Gritar e barafustar (tipo birra dos pais) apenas serve para distrair a criança daquilo que é realmente importante, para além de ter o condão de, muitas vezes, a atiçar e piorar ainda mais as coisas.


3º Como agir nestas alturas

Se o aviso foi dado e nada se modificou no comportamento da criança chegou a altura de a colocar de castigo. São proibidas as “ameaças” de castigo, ou o “logo à noite vais ver…” e pior ainda o “quando chegar o pai vais ver…”. Se chegou a hora de colocar de castigo, há que colocar de castigo. Ponto final. Não é altura de negociação.



4º Qual a melhor atitude

Muitos pais, quando chegados a esta fase caem nos dois maiores erros da disciplina infantil: muita explicação e muita emoção.

Alguns tentam explicar vezes sem conta à criança por que razão se deve portar bem e por que motivo vai ficar de castigo. Tenham em conta uma coisa: a criança não se está a portar mal por “falta de informação”. E não é por explicar mais vezes, que este comportamento se vai modificar. Pelo menos não nesta fase. Quando tudo estiver mais calmo, quando a crise for coisa do passado, aí sim, devemos conversar com ela, analisar o sucedido, prever o que fazer em situações futuras. Mas não agora. Se é tempo de castigo, a criança foi avisada e nada fez para modificar o seu comportamento, é tempo de ação.

Outros pais ou mães comportam-se como se eles próprios fossem ficar também de castigo. Algumas mães ficam nervosas, outras deixam cair uma lágrima pelo canto do olho. Como se fosse possível uma criança ser sempre bem comportada e colocar de castigo fosse equivalente a passar um atestado de incompetência à capacidade educativa dos pais, por não terem sido capazes de lidar com a situação. Nada disso. Se tudo foi feito de forma correta, muitas crianças precisam, de tempos a tempos, de ficar de castigo. Para elas significa que pisaram a corda, ultrapassaram o limite. Não as privem, por favor, desse ensinamento precioso.



5º Escolha bem o local onde colocar de castigo

Onde colocar de castigo? A resposta é simples: onde quiserem. Qualquer divisão da casa serve, desde que seja tranquila e não seja perigosa. Pode ser no quarto dos pais ou no corredor. No hall de entrada ou no quarto da criança, desde que este não seja uma central multimédia.

Nunca se esqueçam que o objetivo é, durante algum tempo, separar a criança das coisas que considera “boas” para que ela possa acalmar e perceber que não se portou bem. Como regra, devem ser evitadas a casa de banho e a cozinha, que podem conter alguns perigos. Também não faz qualquer sentido colocar a criança num local assustador (o célebre “quarto escuro”) pois o objetivo não é assustar a criança mas sim retirá-la da nossa presença e deixá-la acalmar e pensar sobre aquilo que fez de errado.

6º Esteja preparado para a eventualidade de a criança se recusar a ir para o castigo

Se isso acontecer, só nos vai dar mais trabalho, mas também se faz. Por vezes a criança resiste e é necessário “escoltá-la” até ao local que foi escolhido. Devemos fazê-lo sem sermões, discussões ou mais irritações. Calma e tranquilamente, levamos a criança pela mão, mesmo que esperneie. E ignoramos os inevitáveis gritos, os protestos e as ameaças crescentes. Especialmente ignoramos o “não me importo” ou o “não gosto de ti” que, geralmente, significam o oposto.



7º O tempo de castigo deve ser adequado à idade da criança

Existe uma regra muito prática: um minuto por cada ano de vida. Uma criança de três anos fica três minutos de castigo, uma criança de dez anos fica dez minutos. Mas este tempo não tem de ser fixo, e em caso de comportamentos muito graves ou reincidentes pode ser aumentado, muitas vezes para o dobro.

Na criança com mais de dez anos podemos dizer-lhe “avisa-me quando estiveres mais calma”, deixando que seja ela a controlar o tempo que está de castigo. Se resultar, aumenta o seu sentido de responsabilidade.



8º Nunca se esqueça que sair do castigo sem autorização é muito frequente

Se isso acontece, significa que a situação está a ir de mal a pior e medidas mais drásticas têm de ser implementadas. Nas mais pequeninas podemos ter de ficar sentados com a criança ao colo. Mas temos de nos comportar como uma estátua, sem qualquer interação. Nada de conversas e explicações, que apenas vão acentuar o mau comportamento e levar à exaustão dos pais. Apenas segurá-la para que não saia dali.

Nas crianças mais velhas, sair do local deve significar ir novamente para o castigo e o tempo recomeçar a contar. Caso isto se torne muito frequente devemos aumentar o tempo de castigo ou partir para medidas mais extremas como fechar a porta (sim, se preciso à chave) para que o tempo seja cumprido. Muitos pais consideram “uma violência” fechar a porta à chave. Mas rendem-se à evidência quando, após fecharem o quarto à chave uma ou duas vezes, isso deixa de ser necessário: a criança percebeu que estávamos a falar a sério e que o voltaremos a fazer se for necessário. Nessa altura a porta pode até ficar aberta, que ela já não sai do local de castigo.



9º Se ela continua a portar-se mal mesmo no castigo deve aprender com os seus erros

Uma das formas de manipulação mais frequentemente utilizada pelas crianças consiste em partir para a agressão e começar a destruir objetos assim que entra no quarto para ficar de castigo. A solução é simples: se existe algo valioso ou perigoso, que possa ser quebrado, devemos retirá-lo do quarto antes de a criança ser colocada de castigo. Tudo o resto pode ficar mas, se for estragado num ataque de fúria, não será reparado tão cedo, principalmente se se tratar de algum brinquedo ou jogo da criança. Funcionará como uma segunda consequência natural do seu mau comportamento.

É também útil, nestes casos, avisar a criança que o tempo de castigo só começa a contar depois de ele se acalmar. Com o tempo (e o número de castigos) a criança perceberá que estamos a falar a sério e pensa duas vezes antes de começar a dar pontapés na porta…

Da mesma forma, se ela desarruma todo o quarto, só pode sair do castigo depois de tudo arrumado. Se não o fizer aconselho o método do “saco do lixo”: a criança pode sair do castigo mas tudo o que está desarrumado é colocado num grande saco e guardado durante uma semana. Na próxima vez ela vai ter mais cuidado e, no mínimo, arrumar os brinquedos de que gosta mais…



10º Saiba como terminar um castigo

Passado o tempo que foi determinado para o castigo, e se a criança está sossegada, devemos anunciar o fim do castigo. Não a devemos deixar mais tempo no local, só porque entretanto se distraiu com alguma coisa. A única exceção é se tiver adormecido. Mas, por outro lado, se após o nosso aviso ela disser que quer continuar no local, deixamo-la estar e vamos embora. Não vamos alimentar um mártir (outra forma de manipulação muito frequente).

Terminado o castigo, tudo deve voltar ao normal. Mais uma vez, não podemos ceder à tentação dos sermões, atenções ou mimos suplementares. Simplesmente atuamos como se nada se tivesse passado. O castigo, por si só, já ensinou à criança o que ela tinha que aprender: que o mau comportamento não é tolerado e tem consequências, que ela deve conseguir acalmar-se sozinha e de que forma se deve comportar numa próxima vez. No entanto, uma conversa pode ter lugar mais tarde e apenas se a criança é ainda pequena ou se a falta foi especialmente grave. Nos outros casos é totalmente desnecessária, pois a criança sabe perfeitamente que se portou mal, porque se portou mal e que não deve voltar a fazê-lo. Muitas explicações apenas tiram força ao que acabámos de fazer, pois parece que estamos a querer justificar a nossa atitude, como se não tivéssemos a certeza de que está correta.